segunda-feira, 2 de maio de 2011

Palavras, palavras, palavras ao vento


"Foram muitos dias nessa tortura, então entenda que percorri todas as rotas de fuga. Cheguei a procurar notícias suas pelos jornais, pois só um obituário justificaria tamanha demora em uma ligação.
Enfim, por muito mais tempo do que desejaria, mantive na ponta da língua tudo o que eu devia te dizer, e tudo o que você merecia ouvir, e tudo. Mas você não ligou.
Mando esta carta, portanto, sem esperar resposta. Nem sequer espero mais por nada, em coisa alguma, nesta vida, pra ser sincera. No que se refere a você, especialmente, porque o vazio do seu sumiço já me preenche; tenho nele um conforto que motivos não me trarão.
Não me responda, então, mesmo que deseje. Não quero um retorno; quis, um dia, uma ida. Que não aconteceu, assim deixemos para lá.
Estaria, entretanto, mentindo se não dissesse que, aqui dentro, ainda me corrói uma pequena curiosidade. Pois não é todo dia que uma pessoa não vai e não liga, é? As pessoas guardam esses grandes vacilos para momentos especiais, não guardam?
Então, eis a minha única curiosidade: você às vezes pensa nisso, como eu penso? Com um suave aperto no coração? Ou será que você foi apenas um idiota que esquecei de ir?"

Fernanda Young

Um comentário:

Anônimo disse...

Talvez tenha sido somente mais um idiota que não sabe a força que é o amor verdadeiro. Talvez alguém que nem ideia concreta tenha desse fato. Ou quem sabe como uma vez um terapeuta me contou que os que fazem sofrer com tamanha intensidade um dia sofreram tal perda. Não sei se ainda entendi ou se um dia vou entender as coisas. Mas as vezes sinto que a dor não irá passar. Volto e releio teu blog e sinto em tuas palavras postadas um conforto inexplicável. Talvez e a vida é cheia deles eu vá compreender que a vida é assim. Que o amor nem sempre é entendimento e sentimentos morrem e com isso caminhos são separados mas que de certa forma continuamos todos a percorrer a estrada. Obrigada!